10 FILMES PARA CONHECER O TERROR GIALLO

O Giallo é um subgênero do terror e do suspense que surgiu na Itália, sendo especialmente popular entre as décadas de 1960 e 1970. Seu nome vem da palavra italiana para “amarelo” — giallo — em referência às capas amarelas dos livros de mistério publicados na Itália. Esses livros, inspirados em autores como Agatha Christie e Edgar Wallace, misturavam assassinatos misteriosos, investigações e reviravoltas sombrias. O cinema acabou absorvendo esse estilo, criando um gênero visualmente marcante e carregado de tensão.

Nos filmes Giallo, é comum encontrarmos histórias envolvendo serial killers mascarados, assassinatos brutais com lâminas afiadas, protagonistas femininas ameaçadas, erotismo e uma atmosfera de paranoia. Estilisticamente, o gênero é conhecido por suas cores saturadas, trilhas sonoras intensas e enquadramentos criativos que aumentam o suspense. Diretores como Mario Bava, Dario Argento e Lucio Fulci foram alguns dos mestres do Giallo, deixando uma marca profunda tanto no cinema europeu quanto no horror internacional, influenciando diretamente o slasher americano.

Mais do que apenas terror gráfico, o Giallo é uma fusão de arte visual, investigação e medo psicológico — uma experiência que instiga tanto os olhos quanto a mente. Conheça 10 filmes clássicos do Giallo:

Seis Mulheres para o Assassino (1964)

Mario Bava inaugura elementos visuais e narrativos do giallo neste filme ambientado no universo da moda, onde modelos começam a ser brutalmente assassinadas. Com fotografia estilizada, cores fortes e cenas de morte coreografadas como verdadeiros balés visuais, o filme é um marco na estética do terror italiano. O mistério se desenvolve com toques de sadismo e fetichismo, antecipando o que seria o DNA do gênero. Bava mistura glamour e morte com uma elegância perversa, tornando esta obra essencial para qualquer fã do giallo.

Cinco Bonecas pela Lua de Agosto (1970)

Outro filme de Mario Bava, este é frequentemente subestimado, mas revela-se uma experiência visualmente hipnótica. A trama, uma variação de “O Caso dos Dez Negrinhos” de Agatha Christie, se passa numa ilha isolada onde milionários começam a morrer misteriosamente. Com cenários modernistas e um uso ousado de cores psicodélicas, Bava transforma uma narrativa simples num exercício de estilo. A trilha sonora groovy e a atmosfera artificial fazem deste um giallo que abraça o absurdo com charme.

O Estranho Vício da Senhora Wardh (1971)

Dirigido por Sergio Martino, este é um giallo sensual e perverso, protagonizado por Edwige Fenech, ícone do gênero. A trama envolve chantagem, desejo e assassinatos brutais, tudo embalado por uma atmosfera de paranoia e decadência. A combinação de erotismo e violência psicológica faz do filme um exemplo claro da complexidade feminina no giallo, onde a protagonista está sempre entre o prazer e o perigo. O final é uma reviravolta clássica do estilo.

A Baía Sangrenta (1971)

Também conhecido como Banho de Sangue, este é outro filme seminal de Mario Bava e frequentemente apontado como precursor dos slasher movies. A trama gira em torno de uma herança e os assassinatos em série entre os herdeiros. O filme impressiona pela brutalidade dos assassinatos e pelo ritmo acelerado. Bava entrega um banho de sangue literalmente, com efeitos práticos criativos e planos de câmera sofisticados.

O Que Você Fez com Solange? (1972)

Massimo Dallamano constrói um thriller envolvente e melancólico, ambientado num colégio feminino onde alunas são assassinadas de forma brutal. A investigação revela segredos sexuais, hipocrisia e repressão moral. Visualmente elegante e com trilha sonora de Ennio Morricone, o filme combina tensão e crítica social. É um giallo menos estilizado, mas emocionalmente mais denso, onde a violência tem consequências reais e devastadoras.

Todas as Cores do Medo (1972)

Este giallo com toques sobrenaturais, dirigido por Sergio Martino, mistura ocultismo, paranoia e psicodelia. Edwige Fenech retorna como uma mulher assombrada por visões de assassinatos ligados a uma seita satânica. A atmosfera onírica e o clima paranoico fazem do filme um exemplar singular dentro do gênero, flertando com o terror cósmico e o surrealismo. Martino brinca com a ideia de realidade fragmentada, tornando a experiência quase lisérgica.

O Segredo do Bosque dos Sonhos (1972)

Lucio Fulci dirige um dos giallo mais controversos e socialmente engajados. Aqui, a trama se passa numa vila do sul da Itália, onde crianças são assassinadas e as suspeitas recaem sobre os marginalizados da sociedade. O filme denuncia a hipocrisia da moral conservadora e do preconceito, com uma violência menos estilizada e mais crua. Fulci entrega um giallo sombrio, mais próximo do horror social do que da fantasia estilizada habitual.

Torso (1973)

Um dos giallo mais violentos de Sergio Martino, Torso antecipa o gênero slasher com uma série de assassinatos brutais cometidos por um maníaco mascarado. A tensão é crescente, culminando num clímax claustrofóbico. A câmera fetichiza corpos femininos enquanto aponta para a misoginia subjacente da sociedade. Apesar disso, Martino também arma suas protagonistas com resistência e inteligência, resultando num jogo perverso de caça e caçador.

Prelúdio para Matar (1975)

Obra-prima de Dario Argento, Profondo Rosso é um dos gialli mais influentes de todos os tempos. Um pianista testemunha um assassinato e se envolve numa investigação que o leva a um labirinto de traumas, memórias e pistas visuais. Argento combina horror visual, trilha sonora icônica do Goblin e uma direção estilizada para criar uma obra hipnótica. O uso simbólico das cores e a construção do suspense são exemplares. Um marco definitivo do gênero.

Tenebre (1982)

Neste retorno ao giallo após a fase sobrenatural, Dario Argento entrega um thriller metalinguístico e autoconsciente. Um escritor se vê envolvido numa série de assassinatos que parecem inspirados em seus próprios livros. Com uma direção elegante e cenas de morte coreografadas com precisão cirúrgica, Tenebre explora temas como voyeurismo, censura e a violência da arte. Uma reflexão sombria sobre o próprio gênero que ajudou a consagrar.

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